Começou essa semana os debates entre as duas chapas que disputam eleições para a Reitoria da UFSB. Todo meu apoio aos Profs Marcos Bernardes e Ita de Oliveira e Silva, a Chapa 2, que se pauta pela Democracia e Participação. O colega Álamo Pimentel escreveu o texto do link acima, recoletando fatos na trajetória dessa que ainda está entre as mais recentes universidades federais criadas no Brasil. Com um modelo inclusivo, de base interdisciplinar, fortemente integrada à educação básica, ela demonstrou e ainda demonstra que outra educação superior é possível, com imensos reflexos positivos para a sociedade que a acolhe e sustenta.
O inteligente texto do colega de
lutas e desafios motivou a resposta de uma outra professora. Esta, hoje,
integra o time da gestão da UFSB, cujo maior objetivo parece ser, e sempre
pareceu, o desmonte da proposição inicial diferenciada e inovadora (e não, o
seu aperfeiçoamento necessário). O texto-resposta não apresenta fatos ou
argumentos, limitando-se a tentar "responder" àquilo que Álamo expôs,
ou seja, àquilo que ele trouxe à luz mais uma vez, como muitas/os de nós já
fizemos. Entre outros falseamentos, dois me chamaram especialmente atenção.
Em primeiro lugar, a PROGEAC -
Pró-Reitoria de Gestão Acadêmica, a qual liderei por quase dois anos (como
Pró-Reitor), nunca foi responsável pela Extensão universitária. Éramos
responsáveis, sob críticas pertinentes, pelo Ensino de graduação e
pós-graduação e pela Pesquisa, com uma diretoria dedicada a esta última, para a
qual eu mesmo propus, junto a um grupo, que se criasse uma nova Pró-Reitoria.
Essa sugestão foi acolhida e preparada pelo Reitor da implantação, cabendo à
nova gestão apenas implementar a mudança. Por outro lado, só depois de muita
luta e resistência do atual Vice-Reitor que ainda acumula o cargo de Pró-Reitor
de de Planejamento e Administração, a PROGEAC, uma instância da maior
importância para toda implantação, chegou a parcos 24 servidoras/es em
exercício em 2017 (uma equipe excelente! embora pequena para o tamanho da
tarefa, reforço aqui). Enquanto isso, a Pró-Reitoria dele, da administração,
contava com exatamente o dobro, sendo sempre muito maior que as outras desde o
início da implantação em 2014-2015. Quem quiser, pode pensar as consequências
políticas e administrativas disso no interior do país, como também checar os
dados facilmente através de documentos no site da universidade.
O outro ponto que saltou a meus
olhos, é a insistência, da professora que respondeu, no caráter democrático da
gestão atual, a começar pelas mudanças efetuadas na Formação Geral (FG) --
primeiro ano interdisciplinar comum a todos os cursos, representado na figura
que posto nos comentários. A primeira grande mudança na
FG foi feita sem que houvesse tempo para discussões aprofundadas, no apagar das
luzes de 2017 (o ano mais turbulento dentro da UFSB até então). E, a partir de
ideias personalistas que não apresentavam qualquer coerência com o projeto de
universidade em construção. Foi uma facada anti-democrática e anti-inclusiva,
pois, apesar de votada, representou o esvaziamento democrático, uma vez que
democracia se faz com autonomia, com participação consciente e escolha
informada. Nada disso existiu naquele momento. Muito menos nas decisões que
levaram à chamada 'Reforma Administrativa' da UFSB e outros tantos momentos de
decisão que se seguiram. Ao longo do exercício desta gestão, da Profa. Joana e
do Prof. Mesquita, o que se pôde observar invariavelmente foram as mudanças 'a
toque de caixa' (para usar a metáfora militaresca e musical), sem tempo para
discussão aprofundada, e as repetidas reclamações a esse respeito em todos os
órgãos colegiados da universidade. "Não há tempo para discutir muito, pois
vamos votar no Consuni em poucos dias!", diziam Decanas e Decanos repetidamente.
"Mas esse é um assunto fundamental e muito importante para a
interdisciplinaridade e inclusão!", gritavam Coordenadoras e Coordenadores
a cada pauta enviada pela Reitoria via Decanatos. Assim se deu a
"Reforma", sem participação e democracia, ou melhor, apenas com uma
casca vazia, através de um Consuni com maioria alinhada.
As marcas de autoritarismo para as quais Álamo refresca nossa visão crítica, seguem existindo. Pois o autoritarismo não tem argumentos, precisa se esconder e mentir para justificar a truculência e o desrespeito. Precisa dizer que vai aprofundar as cotas de inclusão, depois de tê-las diminuído (de 85% para 70%) e enxugado as possibilidades de entrada no ensino superior das pessoas que integram a população que historicamente tem sido alijada dele.
Nos poucos debates que
acontecerão a partir de hoje, façam estas perguntas, observem as respostas.
E, por fim, convido a fazer uma escolha realmente inclusiva no pleito para
Reitoria da UFSB. Para mim, ela está representada na Chapa 2 - Democracia e
Participação, com Marcos Bernardes e Ita de Oliveira e Silva.
Daniel Puig, docente do CFAC, coordenador do NDE LI-Artes/CSC e ex-coordenador da LI-Artes/CJA.
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